Acordar para o mundo, para a vida. Abrir os olhos, lentamente e sorrir com a luminosidade que entra no quarto. Novo dia, nova etapa da minha vida.
É fácil iniciar uma corrida, temos em mente o grande objectivo final. Quando a meta é curta é-nos difícil esquecer ou cair em desleixo na luta por atingir a meta. Contudo, quando lutas e voltas a lutar e começas a sentir o peso dos dias que voam, a tua força vira ruína, que vê com apatia e tristeza a queda progressiva das pedras que outrora foram grande construção arquitetónica.

Outros defendem a constante restauração.
Acordei e vi à minha volta algumas peças espalhadas pelo chão. Não caíram hoja, na verdade não faço ideia quando aconteceu, estava demasiadamente ocupada a dormitar no decorrer da corrida dos dias.
E agora? Que faço? Reconstruo, substituo ou ignoro.
Apetece-me voltar a adormecer. Talvez mesmo para sempre. Imune ao mundo que gira, anónima, incógnita, alheia às quedas que surgem com o passar dos dias.
O relógio não para, o calendário sofre com a queda das folhas dos meses, ao longo de todo o Outono da sua existência.
Assim também eu não posso parar, queira ou não, com mais ou menos forma de vencer, escolho as pedras que estão caídas e recoloco-as nos seus devidos lugares.
Vou reconstruindo-me, fazendo de pedreira, construtora civil, o que quer que seja preciso tentando colocar uns pozinhos mágicos que permitam fazê-lo com alguma esperança.